minhas cores, meus focos, meus desfoques: MINHAS FORMAS
O acontecimento! O tempo, a cor, a forma que se desforma em meus olhos já caducos ou incapazes de focar, fazendo com que meu dedo em lances de segundo clique o botão para que a imagem se congele. E o foco e o desfoque ficam guardados para a eternidade como se fossem imagens erradas daquilo que se viu. Observo as cores. O foco e o desfocado da imagem é o mais próximo de mim. No cotiano, cada vez mais rápido e mais confuso, já não se entende o que é focar. A minha visão se assemelha ao da máquina fotográfica, que às vezes não se configura para o foco mais próximo do aceito socialmente, e o desfocado torna-se mais interessante, pois ele é o real. Assim, a realidade cotidiana na imagem fixada não é para muitos a perfeita pintura realista, em que as linhas e formas não titubeiam e a cores estão dentro do contorno. Ela rompe essas barreiras, levando a campos imagéticos daquele cotidiano, até então, não tocados, respeitando formas particulares de observação. Daniela Graciere