Contagense sou!


Contagense sou!
E digo isso para todos.
E digo para todos com tanto orgulho.
Contagem das Indústrias, da Várzea das Flores, do comércio, da Casa de Cacos, das torres e da Igreja Matriz.

Mas na verdade,

Contagem é dos meus pés de manga, das jabuticabeiras, goiabeiras e das várias árvores que podia subir quando criança, para Contagem ser em minha mente o mundo.


Assim, o mundo era e é.

Em suas casas antigas as histórias de assombrações, o vulto na janela e os gritos de horror. A correria no mato como se fosse a floresta, a argila no rosto, os cachorros atrás... Ahh Brigite, Life, Reno... fazendo trilhas, cortando mato. Uma grande aventura, que terminava sob um pé de jabuticaba.



O joelho. O corpo todo ralado dos tombos de carrinho de rolimã, de rouba bandeira, do pique-esconde, de mês, da queimada, do pare e bola, dos 7 pecados, das árvores e muros da rua Francisco Sales, em frente ao número 31. Ah... quantas vezes os braços e dedos foram quebrados em prol de uma aventura?

Ficar olhando para doutor Cassiano era fantástico também, as pessoas subindo e descendo em seus mundos paralelos aos meus. Os carros: Qual seria a cor do próximo que desceria? Assim, era outra brincadeira.

Quantos degraus?

Já contei milhares de vezes, mas não me pergunte! O divertido é contar e contar e contar... sei que são muitos e muitas também são as pessoas que sentaram com suas histórias, suas greves, seus amores, suas despedidas, seus shows, seus teatros, seu espaço.


E por ele, um Sr. , sempre de preto e com uma bengala na mão, subia todos os dias em direção à igreja com um ar misterioso em seus passos. Peço desculpas pelas vezes que chamei de “seu Jão Pó”, ficava irritado por isso, mas minha curiosidade e de outras crianças por ele, era gigante, tinha vontade de pegar em suas mãos e dizer como uma grande amiga: quero subir o morro com você...


Casinha Feliz, Babita, Leonardo Sadra, Maria Coutinho 33,333... % do meu tempo, dos meus aprendizados, encontro e reencontros, colegas, amigos, mestres, valores, dores, despedidas, sorrisos, olhares, troca, comunhão...

E na 1º comunhão, aos 10 anos, confessei os pecados que me atormentavam desde o começo do catecismo: notas baixas, briga com meus irmãos, desobediência aos pais, palavrão... sim, pequei! No confessionário só não tremia mais, por não ter como. E o padre sorriu para mim, quase uma gargalhada disfarçada, e disse: tudo bem Dani, tente não repetir isso, como um amigo quando sussurra no ouvido dizendo: Tente melhorar, mas isso acontece!

E acontece que depois me distanciei e me aproximei da fraternidade. Hoje estou próxima apenas de mim, correndo o risco de me perder, mas na certeza que posso me encontrar em essência...

Ahh Centro... de lá fui para periferia que aprendi a gostar e respeitar... suas casas de tijolos vermelhos e sem reboco, chão de terra, lama ao chover, mas coragem e vontade te todos, de melhorarem suas vidas com a nova oportunidade de ter seu lar. 

O meu, de piso grosso ainda, sem telhado, sem reboco e com empenho de meus pais de melhorar nossas vidas, e sim, de tal modo aconteceu.


E do meu lar ao teatro, do teatro à Capital, da capital ao Centro, do Centro aos amigos, dos amigos ao teatro e do teatro ao meu lar... assim, outros caminhos, culturas, amigos, valores encontrei e perdi.

Aqui me fiz cheia de crenças, sonhos, amores e liberdade para ficar ou ir... vida pulsante que reverbera.

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