- Vamos marujos, fuja! Vá para o mastro! Vá para o mastro. E assim, eu ia para a última galha da mangueira.

- Vejo todo o horizonte senhor... Parece que vem uma grande tempestade. Me colocava na galha mais fina e chacoalhava, com adrenalina e emoção de que aquela galha poderia quebrar a qualquer momento e segurava com toda a força, toda a força que eu tinha, no entanto, de certa forma sabia que aquela galha não iria quebrar, mas se quebrasse seria apenas queda ou uma fratura dentre tantas outras... A galha parava de balançar...

- Boa tarde! Acabei de arrumar a minha casa, estava toda empoeirada. Fiz um bolo também. Sim, de manga. Aceita um pedaço? Pegava uma folha da galha para servir de bolo e sentava a observar

- Já percebeu como as pessoas sobem e descem a rua principal? Se não existissem roupas a subida do morro seria diferente? O grau que utilizo não é forte, apenas 0,5 de astigmatismo nos dois olhos e acho que 0,75 de miopia no direito, mas enxergo um pouco embaçado.

Vejo tudo enquadrado, devido a armação que segura as lentes de acetato de exatos 2mm de espessura. Há o enquadramento quando olho o céu, desço uma escada, quando olho a flor, a criança, quando te vejo... se é que vejo. As vezes o enquadramento fica ruim, então tenho que arrumar ou se não tirar o óculos, é como se fosse aqueles filmes que vêm com uma faixa preta em baixo e encima, daí você tenta colocar o zoom na televisão e foca, mas perde grande parte da cena.

É engraçado... Como cada um pensa nas coisas de sua própria vida. Uma vez ouvi um cego dizer: “A terra é azul”, ele não disse o mundo ou planeta Terra, mas a terra é azul. Na verdade ele ouviu isso do astronauta Yuri Gagarin e levou como verdade para sua vida. Porém, o que é azul para este cego, será que realmente a terra não seja azul e toda a sociedade a vê marrom ou se o marrom deveria chamar azul?... São convenções?

- Será que as pessoas já pensaram o quê estou pensando? E pensaram que alguém pode estar pensando a mesma coisa que ela, no exato momento em que pensa?

E olhando para baixo da mangueira – Hum? Não... Não mãe, eu não vou cair. Era como se eu fosse um prolongamento daquela árvore. – Não tem perigo nenhum não! E ficava um pouco mais sentada na galha, abraçando-a, agradecendo-a.

Sussurrando e com o sentimento mais puro que tinha naquele momento da infância, eu dizia – Tchau... Depois eu volto, tá?

Comentários

  1. "Será que as pessoas já pensaram o quê estou pensando e pensaram que alguém pode estar pensando a mesma coisa que ela, no exato momento em que pensa?"
    Sim, sempre...!
    Não há nada de novo, que horror...

    Mas quanto ao bolo de manga...fica pra próxima vez!rs

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  2. E eu tenho fotos quando dessa apresentação na ED-UEMG...

    Torço procê ficar beeeeeemm famosa para essas fotos valerem milhões! hehehe ;-)

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